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Não existe dia do rock.

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Entenda uma coisa: não existe “dia do rock”. Simplesmente não existe, e não pode existir. Pode ter o dia do “tchá tchá tchá”, o dia da Rumba ou o dia da Polka, mas não pode ter o dia do Rock. Do Rock and Roll, do Hard Rock, do Rock Progressivo ou do Heavy Metal. Do Rock e de todos os filhos do Rock. Não pode, ponto final.

Por quê? Como assim, “por quê”? Você sabe o que é rock? Já ouviu alguma vez? Ouviu “de verdade”, com ouvidos abertos, sentindo o que está ouvindo? Se ouviu, se ressonou alguma coisa dentro dessa caixa que você chama de corpo, como pode tudo que você sentiu ao ouvir rock de verdade, ao ouvir de verdade o rock de verdade, como tudo isso pode ter só um dia? Um dia quadrado, feito de posts em rede social e pessoas com sorrisos aguados? Para o inferno com isso! Para o inferno com os likes e os compartilhamentos, para o inferno com a lógica domada do dia de qualquer coisa. Vá comemorar o dia do puxa-saco, o dia do primo em segundo grau, o dia das pessoas que usam óculos, o dia de todos que precisam do seu dia. O Rock não precisa de um dia! O rock não precisa de um “feliz dia do rock”.

O Rock NÃO QUER seu dia! O Rock faz as coisas do seu próprio jeito, destrói e constrói, e só depois pergunta. E responde, e pergunta de novo, e duvida da resposta, e grita, e sussurra. Mas tudo isso sem pedir permissão, sem se conformar com mais um dia, com seu próprio dia, ou com o dia que for…

O Rock cospe na cara do dia do rock.

Porra, como você pode não ter percebido que não tem nada mais anti-rock que o dia do rock? “Hoje vou botar para quebrar, vou acordar, tomar uma dose de whisky e passar o dia inteiro ouvindo AC/DC da época do Bon Scott. E amanhã volto a ouvir sertanejo universitário e Celine Dion”.

Não, animal. Se você gosta de brincar de dia do rock, você não merece o rock. O Rock é importante, porra! O Rock, para quem gosta de rock, para quem vive o Rock, para quem sente o Rock, é tão importante como uma religião. Uma religião primitiva, carnal, que seduz e assombra, que hipnotiza, que possui! Você entoa seus hinos, reza suas preces, sente o cabelo arrepiar na nuca, transforma o vinho em sangue, come o pão que o diabo amassou feliz como um adolescente imbecil e cheio de vida. Não tem dia para isso, porra!

Existe o Rock. Se ele existe graças a deus, ou ao diabo, ou ao acaso, pouco importa. Para o inferno com esses três patetas. Ligue o som, feche as mãos num punho, desafine o quanto quiser. Transcenda um mísero dia. E se você fizer isso com a música que você gosta, chame você ela de rock ou não, você já está com o nariz apontado na direção certa.

Você pode fingir que gosta de rock. Você pode gostar de posar de rebelde. Você pode gostar de usar bandana e óculos escuros. Você pode muita coisa, é tudo problema seu. Mas meta uma coisa em sua cabeça dura:

Não existe dia do rock.

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